Uma modelo de 28 anos foi presa nesta quinta-feira (16) pela Polícia Civil durante operação que prendeu suspeitos de envolvimento com a morte do empresário Vinícius Gritzbach, delator do PCC.
Segundo a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, Jacqueline Moreira é moradora de Itaquera e é apontada pela investigação como a namorada de Kauê do Amaral Coelho, "olheiro" que avisou atiradores sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto e que segue foragido.
Conforme a delegada, policiais estavam investigando quem estava próximo de Kauê nos dias antes do crime e foi a partir dessa apuração que chegaram a Jacqueline Moreira, apontada como uma das namoradas dele. Ela negou envolvimento com o olheiro em depoimento nesta quinta.
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Jaqueline Moreira, presa acusada de envolvimento com olheiro do PCC — Foto: Reprodução/Instagram
"Óbvio que ela nega que era namorada, disse que era apenas um encontro casual, mas não é isso. Depois do que aconteceu no dia 8 de novembro, o Kauê vai para a casa dela. De lá eles partem para um motel, onde passam à noite. No dia 9, ele entrega o celular dele para ela. Ela diz que não sabia o que ele tinha feito. Então, ele desaparece e ela diz que não sabe, só ficou sabendo pela televisão que ele estava no Rio de Janeiro, o que não é verdade, porque nós chegamos nela por conta da tecnologia, da quebra de sigilo telefônico", afirma.
"Nós temos vídeos de declaração de amor que ela fez pra ele, então não é assim: ah, nos conhecemos na balada no Campo de Marte [Zona Norte de São Paulo]", enfatiza a delegada.
Ainda conforme a delegada, Jacqueline é envolvida com o tráfico de drogas. A investigação presenciou uma entrega de drogas feita por ela, diz Ivalda.
"Conseguimos comprovar que ela entra no tráfico de drogas e, óbvio, no favorecimento pessoal. E a prisão temporária está saindo no tráfico de drogas, tanto pelo Kauê quanto para ela e um terceiro, que nós não conseguimos localizar até o momento."
Kauê, que foi o primeiro suspeito identificado pela força-tarefa, continua foragido. "Nossa investigação entende que ele [Kauê] não está mais no Rio de Janeiro. E aí nós temos, olha que interessante, a pessoa que possivelmente foi ao Rio e retornou com ele para São Paulo", explicou a delegada.
O assassinato de Gritzbach foi registrado em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Nesta quinta-feira (16), a Corregedoria da PM também prendeu 15 policiais suspeitos de envolvimento no crime. Um dos presos, o PM da ativa Denis Antonio Martins, é apontado como a pessoa que fez os disparos (veja mais abaixo).
Jaqueline Moreira, presa acusada de envolvimento com olheiro do PCC — Foto: Reprodução/Instagram
A Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu nesta quinta-feira (16) 15 policiais suspeitos de envolvimento na morte do empresário Vinícius Gritzbach, delator do PCC.
Um dos presos, o PM da ativa Denis Antonio Martins, é apontado como a pessoa que fez os disparos contra Gritzbach. Além de Denis Antonio Martins, outros 14 presos eram do núcleo de segurança pessoal do delator e faziam a escolta privada dele.
Ao menos cinco dos presos atuaram no Primeiro Batalhão de Polícia de Choque, na Rota, tropa de elite da Polícia Militar (PM) de São Paulo.
Em entrevista coletiva nesta quinta, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que ainda não se sabe quem é o mandante do crime.
Para fazer a identificação do atirador, o secretário explicou que foram usadas várias ferramentas de inteligência, incluindo a quebra do sigilo telefônico e o uso de antenas de celular.
Segundo ele, com isso, foi possível saber que o acusado estava no aeroporto no dia da execução. "Uma série de fatores o colocaram na cena do crime", afirmou.
O advogado João Carlos Campanini faz a defesa de quatro presos: Leandro Ortiz, Romarks Cesar, Wagner de Lima e Thiago Marchion. Ele aguardará o acesso aos autos para se pronunciar.
As outras defesas não foram localizadas pelo g1 até a última atualização desta reportagem.
A investigação da Corregedoria começou após a chegada de uma denúncia anônima, em março de 2024, sobre vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados à facção. O objetivo era evitar prisões e prejuízos financeiros do grupo criminoso.
Segundo a Corregedoria, informações estratégicas eram vazadas e vendidas por policiais militares da ativa e da reserva.
Um dos beneficiados era Gritzbach, que usava PMs em sua escolta privada, caracterizando a integração de agentes à organização criminosa.